Estudo:

Capítulo 27 – PEDI E OBTEREIS - INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS; I - MODO DE ORAR - II VENTURA DA PRECE - itens 22 e 23

HORA DO EVANGELHO NO LAR  
"Marchai, marchai, pelos caminhos da prece, e ouvireis a voz dos Anjos! Que harmonia!" (Santo Agostinho) 
  
  
PRECE INICIAL  
Senhor Jesus, se for da Vossa vontade, fazei-nos instrumentos da Tua paz, conscientes da Tua vontade e de Teus ensinamentos. Que esses ensinamentos Senhor, não saiam somente de nossas bocas mas que eles, principalmente, brotem do fundo do nosso coração e estejam sempre presentes em nossas palavras, em nossos pensamentos e em nossas ações.   
Rogamos Senhor, Tua proteção e Teu amparo para que possamos nos manter afastados da ambição, do egoísmo, da vaidade, dos melindres e do desejo de posses inúteis ao nosso processo evolutivo. Que sejamos sempre agradecidos e satisfeitos por aquilo que temos e pelas bençãos que recebemos sempre.  
Que possamos Senhor, sermos sempre merecedores do Teu Amor.  
E assim Mestre Jesus, em Teu Nome, em nome de Francisco de Assis e, acima de tudo, em nome de Deus, nosso Pai de Amor e Bondade, damos início aos estudos de hoje.  
Que assim seja!  
 
  
MENSAGEM INICIAL  
EM TORNO DA PRECE.  
Na criação não há pedido sem resposta.  
O que parece, por vezes, silêncio e negação em torno da rogativa, é o próprio desinteresse da alma que, quase sempre, entre a inquietação e a leviandade, voeja de solicitação a solicitação, sem persistência bastante para alimentar os próprios anseios no tempo – de vez que o tempo é o matemático divino que não podemos esquecer ou iludir.  
Atenta, pois, para o que pedes porque se o Senhor sabe aquilo que nos convém, raramente conhecemos, em verdade, aquilo de que necessitamos.  
Todos se prosternam perante o altar da vida e algo suplicam do que consideram material imprescindível à própria felicidade.  
Muitos pedem ouro e recebem a fortuna emoldurada nas garras da aflição.  
Muitos reclamam beleza física e recolhem os dons de mistura com fel de dolorosas desilusões.  
Muitos imploram o poder humano e apossam-se dele, incorporando, irremediavelmente, pesadelos à própria sorte.  
Muitos rogam a evidência social e escalam os dourados galarins, passando a respirar o hálito envenenado do desencanto e da morte.  
Muitos pedem o louvor da inteligência e adornam-se com a fama, penetrando, contudo, em pavorosos sorvedouros de angústias.  
Acharemos o que buscamos.  
A reação será invariavelmente o reverso da ação.  
Quem deseja sente.  
Quem sente pensa.  
Quem pensa realiza.  
Saibamos, assim, selecionar os nossos impulsos, porquanto a Eterna Bondade estrutura para a nossa existência o programa que mais nos favoreça a própria edificação.  
Cumpramos nosso dever, puro e simples, onde estivermos, seja no reduto doméstico ou no campo social, à frente dos nossos familiares ou dos nossos desafetos, oferecendo-lhes todo o bem ao nosso alcance, e a obrigação corretamente atendida será o degrau de nossa ascensão aos planos mais altos.  
Por isso mesmo, em qualquer problema da oração, não nos esqueçamos que a Vontade Sábia e Justa do Pai Celestial, em nosso favor, deve ser executada com o nosso melhor concurso, assim na Terra como nos Céus.  
 
(Psicografia do médium Francisco C. Xavier, extraída da obra “A LUZ DA ORAÇÃO”, Ed. Clarim.)  
 
   
LEITURA DO EVANGELHO  
Capítulo 27 – PEDI E OBTEREIS – INSTRUÇÕES DOS ESPÍRITOS: I - MODO DE ORAR - II VENTURA DA PRECE - itens 22 e 23. 

 
V. MONOD 
Bordeaux, 1862 
22 – O primeiro dever de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar o seu retorno à atividade diária, é a prece. Vós orais, quase todos, mas quão poucos sabem realmente orar! Que importam ao Senhor as frases que ligais maquinalmente umas às outras, porque já vos habituastes a repeti-las, porque é um dever que tendes de cumprir, e que vos pesa, como todo o dever? 
A prece do cristão, do Espírita, principalmente, de qualquer culto que seja (1) , deve ser feita no momento em que o Espírito retoma o jugo da carne, e deve elevar-se com humildade aos pés da Majestade Divina, mas também com profundeza, num impulso de reconhecimento por todos os benefícios recebidos até esse dia. E de agradecimento, ainda, pela noite transcorrida, durante a qual lhe foi permitido, embora não guarde a lembrança, retornar junto aos amigos e aos guias, para nesse contato haurir novas forças e mais perseverança. Deve elevar-se humilde aos pés do Senhor, pedindo pela sua fraqueza, suplicando o seu amparo, a sua indulgência, a sua misericórdia. E deve ser profunda, porque é a vossa alma que deve elevar-se ao Criador, que deve transfigurar-se, como Jesus no Tabor, para chegar até Ele, branca e radiante de esperança e de amor. 
Vossa prece deve encerrar o pedido das graças de que necessitais, mas de que necessitais realmente. Inútil, portanto, pedir ao Senhor que abrevie a vossas provas, ou que vos dê alegrias e riquezas. Pedi-lhe antes os bens mais preciosos da paciência, da resignação e da fé. Evitai dizer, como o fazem muitos dentre vós: “Não vale a pena orar, porque Deus não me atende”. O que pedis a Deus, na maioria das vezes? Já vos lembrastes de pedir-lhe a vossa melhoria moral? Oh, não, tão poucas vezes! O que mais vos lembrais de pedir é o sucesso para os vossos empreendimentos terrenos, e depois exclamais: “Deus não se preocupa conosco; se o fizesse, não haveria tantas injustiças!” Insensatos, ingratos! Se mergulhásseis no fundo da vossa consciência, quase sempre ali encontraríeis o motivo dos males de que vos queixais. Pedi, pois, antes de tudo, para vos tornardes melhores, e vereis que torrentes de graças e consolações se derramarão sobre vós! (Ver cap. V, nº 4). 
Deveis orar incessantemente, sem para isso procurardes o vosso oratório ou cairdes de joelhos nas praças públicas. A prece diária é o próprio cumprimento dos vossos deveres, mas dos vossos deveres sem exceção, de qualquer natureza que sejam. Não é um ato de amor para com o Senhor assistirdes os vossos irmãos numa necessidade qualquer, moral ou física? Não é um ato de reconhecimento a elevação do vosso pensamento a Ele, quando uma felicidade vos chega, quando evitais um acidente, ou mesmo quando uma simples contrariedade vos aflora à alma, e dizeis mentalmente: “Seja bendito, meu Pai!”?  Não é um ato de contribuição, quando sentis que falistes, dizerdes humilde para o Supremo Juiz, mesmo que seja num rápido pensamento: “Perdoai-me, Deus meu, pois que pequei (por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade); dai-me a força de não tornar a falir, e a coragem de reparar a minha falta”? 
Isto independe das preces regulares da manhã e da noite, e dos dias consagrados, pois, como vedes a prece pode ser de todos os instantes, sem interromper os vossos afazeres; e até, pelo contrário, assim feita, ela os santifica. E não duvideis de que um só desses pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido por vosso Pai celestial do que as longas preces repetidas por hábitos, quase sempre sem um motivo imediato, apenas porque a hora convencional maquinalmente vos chama. 
 
SANTO AGOSTINHO 
Paris, 1861 
23 – Vinde, todos vós que desejais crer: acorrem os Espíritos celestes, e vêm anunciar-vos grandes coisas! Deus, meus filhos, abre os seus tesouros, para vos distribuir os seus benefícios. Homens incrédulos! Se soubésseis como a fé beneficia o coração, e leva a alma ao arrependimento e à prece! A prece. Ah, como são tocantes as palavras que se desprendem dos lábios na hora da prece! Porque a prece é o orvalho divino, que suaviza o excessivo calor das paixões. Filha predileta da fé, leva-nos ao caminho que conduz a Deus. No recolhimento e na solidão, encontrai-vos com Deus; e para vós o mistério se desfaz, porque Ele se revela. Apóstolos do pensamento, a verdadeira vida se abre para vós! Vossa alma se liberta da matéria e se lança pelos mundos infinitos e etéreos, que a pobre Humanidade desconhece. 
Marchai, marchai, pelos caminhos da prece, e ouvireis a voz dos Anjos! Que harmonia! Não são mais os ruídos confusos e as vozes gritantes da Terra: são as liras dos arcanjos, as vozes doces e meigas dos serafins, mais leves que as brisas da manhã, quando brincam nas ramagens dos vossos arvoredos. Com que alegria então marchais! Vossa linguagem terrena não poderá exprimir jamais essas venturas, que vos impregna por todos os poros, tão, vivas e refrescantes é a fonte em que bebemos através da prece! Doces vozes, inebriantes perfumes, que a alma ouve e aspira, quando se lança, pela prece, a essas esferas desconhecidas e habitadas! São divinas todas as aspirações, quando livres dos desejos carnais. Vós também, como o Cristo, orai, carregando a vossa cruz para o Gólgota, para o Calvário. Levai-a, e sentireis as doces emoções que lhe passavam pela alma, embora carregasse o madeiro infamante. Sim, porque ele ia morrer, mas para viver a vida celestial, na morada do Pai! 
 
(1) Nos primeiros tempos, os adeptos do Espiritismo ainda permaneciam muitas vezes ligados às igrejas de que provinham. O mesmo aconteceu também com o Cristianismo dos primeiros tempos. (N. do T.) 

 
REFLEXÕES:  O Espírito V. Monod, que ditou essa belíssima mensagem, que desperta em quem a lê, sentimentos bons e prazerosos, inicia dizendo que o primeiro dever do homem, pela manhã, é dirigir-se a Deus, pela prece, agradecendo a benção de um novo dia, os benefícios da noite, no refazimento das suas energias, e nas possibilidades de aprendizado, de encontros com Espíritos amigos, enquanto o corpo descansava das lides do dia. Se acordar mal-humorado, sentindo-se cansado, também deve orar, pedindo a Deus que o ampare durante o dia, na execução dos seus deveres, porque é na maneira como se vive durante o dia, que o Espírito, que não precisa dormir, se prepara para atividades úteis durante a noite. Quem percebe a importância e os benefícios da prece, quando ora com fervor, com fé, consegue sentir-se em elevação, ainda que seja por frações de segundos, retornando ao corpo mais revigorado e confiante no amor do Pai. A prece leva o homem ao caminho que conduz a Deus, porque ao proferi-la, está o homem ligando-se aos planos mais elevados da Espiritualidade, tomando um banho de vibrações purificadas, que fortalecem a sua vontade de viver de acordo com as leis divinas. Somente quem ora com fervor, isto é, com intensidade de sentimentos, de grande fé, pode sentir, no mesmo instante, os seus efeitos, envolvendo-o, penetrando-lhe o ser, acalmando, reanimando, estimulando o prazer do bem, no bem, pelo bem e para o bem. Jesus, o Espírito mais puro que veio à Terra, orava também, e o autor conclama os homens a seguir o Seu exemplo, orando sempre, a fim de poder carregar a Sua cruz, sentindo como Ele “as doces emoções que lhe passavam pela alma, embora carregasse o madeiro infamante. Sim, porque ele ia morrer, mas para viver a vida celestial, na morada do Pai.”  
Todavia, devemos nos lembrar sempre de que só a prece não basta para a evolução do Espírito imortal. É preciso que as bênçãos recebidas nesse contato com a Espiritualidade Maior sejam canalizadas para o esforço do desenvolvimento espiritual, na vivência das leis divinas, no dia-a-dia, aperfeiçoando-se, como puder, mas, continuamente, a fim de progredir em direção à perfeição possível e à felicidade plena. Orar sempre com fervor, mas, igualmente, esforçar-se sempre na melhoria dos sentimentos, dos pensamentos e das ações, porque a prece não faz o que cabe ao Espírito imortal. 
   
   
PRECE FINAL E VIBRAÇÕES  
   
"Coloca o teu recipiente de água cristalina à frente de tuas orações e espera e confia." [Emmanuel / Chico Xavier]  
 
Vamos neste momento, deixar fluir os sentimentos mais puros, mais doces e amorosos que temos e, com o auxílio da Espiritualidade Amiga, encaminhá-los aos mais necessitados.  
Vamos iniciar vibrando pela nossa Mãe Terra, por todos os países e por todos os povos, que haja paz entre todos.  
Vibremos por nosso Brasil e nossos governantes e governados; que nosso Brasil alcance a Paz, o Progresso e o Amor entre seu povo.  
Vamos vibrar agora, por todos os que se encontrem num leito de dor, seja em hospitais ou em seus lares – que recebam a cura, o bálsamo para suas dores.
Vamos vibrando por todos os que estão passando por dificuldades materiais, espirituais e emocionais; pelos desempregados, por todos os que carregam mágoas, revoltas e ódio em seus corações.  
Vibremos pelos desencarnados e suicidas, para que sejam esclarecidos e para que aceitem sua nova realidade.  
Vibremos pelos idosos, pelas crianças e jovens abandonados, relegados a própria sorte.  
Vibremos pelo desenvolvimento espiritual da juventude, que sejam protegidos e afastados dos vícios, das drogas e da violência;  
Vibremos por nossas Casas Espíritas, que estão sempre prontas a nos amparar; por seus dirigentes; por todos os assistidos, pelos coordenadores e trabalhadores voluntários.   
Vibremos agora pelos nossos queridos, por nossos familiares e amigos, que sejam sempre amparados e fortalecidos na fé.  
Te rogamos Pai, luzes de amor para os nossos supostos inimigos encarnados e desencarnados, que saibamos perdoar, para sermos igualmente perdoados.  
Vibramos finalmente, por nós mesmos, pequenos servidores, para que possamos através de nossas pequenas e frágeis atitudes, com o auxílio de Jesus e dos benfeitores, possamos alcançar o conhecimento de nós mesmos e evoluirmos em nossa caminhada espiritual.   
E assim Senhor, com gratidão em nossos corações, com nosso ambiente repleto de paz e harmonia, nós Te agradecemos e ainda Te rogamos que os fluidos divinos sejam depositados em nossas águas para que através delas possamos adquirir saúde, força e coragem para as lutas de todos os dias, para nossa transformação moral e espiritual, para vivermos em harmonia com tudo e com todos.  
Que assim seja, por hoje amanhã e sempre!  
 
Paz e Bem!