Estudo:

Acolhimento que arrebata.

Francisco de Assis, em seu tempo, revolucionou ideias e inaugurou parâmetros de comportamento.
Tinha uma forma toda especial de tratar com os deserdados da sorte, os pobres, os equivocados.
Conta-se que, certa feita, três ladrões que viviam atormentando a cidade de Monte Casale, foram pedir comida a Frei Ângelo. Ciente de quem eram e os danos que poderiam provocar, ele os afugentou.
Tão logo se fez a oportunidade, tudo narrou a Francisco, confiante de que receberia agradecimentos pelo que fizera.
No entanto, Francisco, de imediato, não concordou com essa atitude, pois não condizia com a proposta de amor dos Evangelhos e com os exemplos do Mestre Jesus.
Chamando os frades, a todos determinou outro padrão de tratamento para com os irmãos ladrões. Disse-lhes que, caso tornassem a encontrá-los, deveriam ter para com eles um procedimento diferente do comum das pessoas.
Propôs, então, que os frades adentrassem a floresta, onde costumavam se esconder os malfeitores, levando alimento e uma toalha, oferecendo a refeição, mais ou menos nos seguintes termos:
Irmãos ladrões, venham comer. Não precisam assaltar as pessoas. E quando assaltarem, por favor, não batam nelas.
O ritual deveria ser repetido dia após dia e, finalmente, quando conseguissem as presenças dos ladrões para a refeição, deveriam aproveitar para lhes falar de outra forma:
Irmãos ladrões, não seria melhor que vocês trabalhassem em vez de roubar? Podemos ajudá-los a arrumar alguma ocupação. Que tal?
A proposta de acolhimento e regeneração, nessa aproximação gradativa e singela, feita de forma sincera e interessada, acabou por convencer alguns dos ladrões a modificarem a sua vida, aderindo à proposta de amor e fraternidade pregada e vivenciada por Francisco.

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É possível que, nos dias atuais, com tanta violência vigorando, a criminalidade alcançando patamares inimagináveis, nenhum cidadão se sinta seguro, a qualquer hora do dia ou da noite, nas ruas, nem em sua casa ou em seu local de trabalho.
Por isso mesmo, dificilmente buscaria um diálogo com malfeitores de qualquer ordem, até mesmo por temor à sua própria vida, pela sua integridade física.
Mas o exemplo vivenciado pelos frades, sob a batuta de amor de Francisco, pode nos servir para meditarmos a respeito de novas fórmulas de tratarmos com os que qualificamos de malfeitores ou criminosos.
Uma proposta de regeneração, de reeducação, iniciando pela conquista através da pedagogia do acolhimento.
Também uma maneira de nos conduzir a reflexões sobre nossa própria forma de tratar os malfeitores da nossa paz, os que nos causam problemas, levantam calúnias, estabelecem obstáculos na harmonia das nossas vidas.
Como poderíamos interagir de forma positiva com eles?
Talvez iniciando por não estabelecer sintonia com sua maldade. Depois, vibrando de forma diversa, endereçando-lhes, como resposta a suas agressões, o desejo de que se reabilitassem, que se dessem conta do desastre que estão causando para si mesmos.
Isso porque quem semeia ventos, colhe tempestades, já sentencia o provérbio popular.
Com certeza, essa nossa mudança de comportamento nos conduziria a melhores dias, a horas mais harmônicas e produtivas.
Pensemos nisso. Tentemos a proposta franciscana.

Redação do Momento Espírita, com base em biografia de Francisco de Assis.