Estudo:

O QUE É SER ESPÍRITA?

Se consultarmos o dicionário ele nos indicará
tratar-se de pessoa vinculada ao Espiritismo. Se
perguntarmos a quem não é espírita, uns ironizam
(dizendo por exemplo que os espíritas "mexem" com os
mortos), outros temem, outros permanecem indiferentes.
Se indagarmos aos próprios espíritas, uns dirão que é
ir ao Centro, tomar passe, ouvir ou fazer palestras,
ler livros. Outros dirão que é fazer caridade. As
respostas serão várias, mas todas incompletas. O
melhor então é buscarmos nos livros da própria
Codificação, a partir de O Livro dos Espíritos.

Em O Livro dos Espíritos, na conclusão (item VII), o
Codificador apresenta uma classificação dos adeptos:

Os que acreditam;
Os que acreditam e admiram a moral espírita; e
Os que crêem, admiram e praticam.

Segundo Kardec, esses últimos são os verdadeiros
espíritas, ou os espíritas cristãos.

No livro O Céu e o Inferno, que apresenta coletânea de
inúmeras comunicações de espíritos nas mais diversas
condições, há uma manifestação interessante de
espírito que se encontra classificado como Espírito
feliz, fruto de uma conduta digna quando na Terra.
Trata-se do espírito identificado pelo nome de Jean
Reynaud. Indagado se na vida física ele professava o
Espiritismo, respondeu: "Há uma grande diferença entre
professar e praticar. Muita gente professa uma
Doutrina, mas não pratica. Pois bem, eu praticava e
não professava."

Professar significa reconhecer publicamente,
declarar-se adepto, dizer de si mesmo, fazer
propaganda da idéia. Pois bem, aí está a chave da
questão. A situação de felicidade do Espírito devia-se
à vivência dos princípios do Espiritismo, mesmo sem
conhecê-lo.

Breve consulta ao capítulo XVII de O Evangelho Segundo
o Espiritismo nos ítens "O Homem de Bem" e "Os bons
espíritas", faz compreender que as características
coincidem com os preceitos morais que justificam a
denominação de espíritas cristãos, conforme definição
do próprio Codificador, pois aí surge a figura do
espírita praticante.

A questão pode ser fechada com trecho do Espírito
Simeão, constante do capítulo X - do mesmo livro
citado no parágrafo anterior -, item 14. No último
parágrafo, diz o Espírito: "(...) Se vós vos dizeis
espíritas, sede-o pois; olvidai o mal que se vos pôde
fazer e não penseis senão uma coisa: o bem que podeis
realizar. (...)".

Ora, o trecho transcrito bem indica o programa de
vivência espírita. Para colocá-lo em prática, há que
se esforçar para vencer as más tendências e ainda
ocupar-se de fazer o bem. Eis o que é verdadeiramente
ser espírita: a adoção dos preceitos morais como
diretrizes da própria conduta ou o esforço para a eles
se adaptar. O ser espírita é mais uma questão de foro
íntimo, que de aparências externas.