Estudo:

E o semeador saiu a semear...

No Evangelho de Mateus, cap. XII, vv. 1 a 9, encontramos o relato de um belo e profundo ensinamento de Jesus.
O Apóstolo conta que “Naquele mesmo dia, tendo saído de casa, Jesus sentou-se à borda do mar...
Em torno Dele logo reuniu-se grande multidão. Jesus entrou numa barca e sentou-se, e todo o povo permaneceu na margem.
Disse então muitas coisas por parábolas, falando-lhes assim: ‘Aquele que semeia saiu a semear...’”
Ficamos, então, a imaginar como seria um semeador. Seria um santo, um profeta, alguém especialmente escolhido?
Não. Um semeador é alguém que arregaça as mangas, toma as sementes e sai para o plantio.
Feita a sua parte, o semeador confia no solo fértil que favorecerá a germinação, a floração e a frutificação.
Ele sabe que muitas sementes poderão se perder, mesmo assim ele semeia.
A história da Humanidade teve muitos semeadores, que espalharam as sementes de idéias nobres...
Mas, por descuido, indolência ou má-vontade daqueles que as receberam, muitas não germinaram...
Outras, todavia, nasceram e deram bons frutos, possibilitando a muitas pessoas a oportunidade de receber novas e promissoras sementes.
Descobrimos um desses semeadores nos dias atuais.
Que religião ele professa? A que nível social pertence? Qual é seu grau de escolaridade? Bem, isso tudo não importa. Ele é apenas um semeador...
Iniciou há alguns anos, contando com a ajuda de um amigo, o movimento intitulado Você e a paz.
Ao concluir mais um desses eventos, ele nos contou um pouco sobre essa experiência:
“Quando o iniciamos tateávamos nas incertezas...
Tanta violência declarada e oculta!
Seria lícito o silêncio, em nome da humildade, da confiança em Deus, transferindo aos céus a tarefa?
Depois de reflexionar, por mais de um ano, ter visitado mais de 30 penitenciárias pelo mundo e mais de 50 cadeias...
Vivendo em um bairro miserável e agressivo, lidando com crianças que só conhecem a agressividade, o abandono e o sofrimento, resolvi, com um amigo que se predispôs a ajudar-me, a iniciar o Movimento.
Você e a paz, porque a violência está embutida no indivíduo e, na hora em que ele melhorar, o mundo a sua volta será melhor.
Segui adiante. Houve grande repercussão pública na praça. Mas era a classe média, em geral, que se fazia presente.
Resolvi visitar também os bairros periféricos e violentos. A receptividade dessas comunidades foi comovedora.
Já visitamos 32 bairros nos últimos anos, falando-lhes em palanques armados nas pequenas praças.
Entrevistas em televisões, rádios e jornais, levaram mais de 15.000 pessoas ao 9º Movimento que recém realizamos.
Um notável cristão, orador clássico, na lucidez dos seus 86 anos, vem-nos acompanhando nos 4 últimos anos, em nosso desejo de tornar o evento neutro, sem caráter político ou religioso.
Aprendi que a proposta do Cristo é desafiadora, não conformista, não hipócrita, com fala mansa para parecer elevado, nem com hipocrisia para disfarçar inferioridade.
Recordando-me de Jesus, nas praças públicas, tenho-O levado também ao povo humilhado e esquecido.”

* * *
Esse semeador viaja pelo Mundo há mais de 60 anos levando a boa semente. Ele sabe que a conquista da paz é um desafio que requer urgência e mãos operosas.
E o semeador saiu a semear...
Seu instrumento de trabalho é a sua voz, clara e suave como a brisa da primavera que leva as sementes e as deposita no solo, sem alarde...
Seu alforje é seu coração terno e compassivo, fonte viva de sementeira inesgotável...
Seu ideal é o amor sem fronteiras... o amor incondicional que, semelhante a um botão de rosa, se abre e exala seu perfume para toda gente...
Seu nome? Ele não faz questão, mas é justo que seja dito: Divaldo Franco.
Quando você ouvir esse nome, saiba que se trata de um incansável semeador da paz.